este pó
quero mexer as minhas asas, e não encontro as minhas mãos
tens de mim o que não encontras, porque eu não sei ficar
vagueiam os dias como estalo os dedos
e tu... ainda estás aqui
sem saberes, sem pedires
as luzes acendem-se, mas nenhum de nós vê
não há nada mais podre que os dias que morrem de pesar
as pedras que crescem no nosso caminho são
pó
nada vive no coração cinzento, verde de musgo
a morte é feita de pó, de musgo
olha
tudo muda, tudo mudou
nunca se repetirá nada do que viveste, nada do que vivemos
só nas minhas mãos, nas minhas unhas
estás vivo
fevereiro/03