memorys of passion 00

história de uma esplanada, um livro, um número, um e-mail... e "o céu está mais azul" há paixões assim, deixam, como fogueiras apagadas, as marcas nas páginas, com letras de presença e acentos de recordação. tu és um rapaz perdido, fóbico e carente que foge da desilusão. eu sou o azul do teu sal. gosto de ti. temo-nos, na nossa solidão.

Saturday, October 09, 2004

controle

Na irracionalidade dos meus raciocínios,
sobre o que é impossível racionalizar,
acreditava que o meu raciocínio comandava!

A cada dia que passa, melhor percebo o quanto me enganava...

janeiro 2003

Monday, September 27, 2004

este pó

sinto nas unhas a tua carne, a dor de perder sem ter apostado
quero mexer as minhas asas, e não encontro as minhas mãos
tens de mim o que não encontras, porque eu não sei ficar
vagueiam os dias como estalo os dedos
e tu... ainda estás aqui
sem saberes, sem pedires

as luzes acendem-se, mas nenhum de nós vê

não há nada mais podre que os dias que morrem de pesar
as pedras que crescem no nosso caminho são



nada vive no coração cinzento, verde de musgo
a morte é feita de pó, de musgo

olha
tudo muda, tudo mudou
nunca se repetirá nada do que viveste, nada do que vivemos
só nas minhas mãos, nas minhas unhas
estás vivo


fevereiro/03

nada

tens na tua voz o som inodor
a cor do silêncio
contigo não me impeço
salto
não há verdades
não há branco e preto
nem escrita
passas por mim como se me tivesses
falas-me de nada e perdes-te
perdes-me
pedes-me um momento sem pedires
queres-me sem quereres
falas de solidão e rasgas-me
morro na tua dor
oiço a tua voz sem falares
falas de nada
perdes-te
perdeste
não consegues ver-me quando me olhas
o que eu sou
não vês
só ouves o som...
de nada
fevereiro/03

sombra

não sei que sentimento é este que me corrói a sombra
tudo me parece tão vazio
olho para ti e és... nada
às vezes parece que há em ti uma faísca

breve
enredomada

não sei se quero o amanhã
esfriam-me as mãos
tudo caiu, podre, vazio

falo contigo... para ti
mas tu perdeste-te
e não procuras o caminho de volta
não queres regressar

fútil
dorido

amo-te como a uma manhã sem data

fevereiro/03

amo-te

toco-te quando falo e tu
encolhes-te
dispo-te quando te olho e tu
escondes-te
desarmo-te quando me aproximo e tu
calas-te

fevereiro/03

pavão

TU, pavão da floresta
exibes as penas do teu fracasso
cego
foges da vida
escondes-te nas sombras

TU, pavão da floresta
perdes-te no azul do que não vês
cego
foges da vida
calas-te na miséria nocturna

março/03

cíclico

Cíclico
penso em ti e esta palavra
impetuosa
saltou para a frente dos meus pensamentos,
em neón

Cíclico
tens medo de te perder comigo
tens a vida presa por palavras
e morres de medo
do passado
em vez de morreres
de amor
mas morres...

Cíclico
queres-me e largas-me
amas-me e desprezas-me
tens-me e negas-me
procuras e deixas-me

PÁRA!
solta-me e deixa-me ir
não me prendas mais neste barco perdido
que é o teu coração

fevereiro/03

esse mar

As muralhas que respiram
no espaço que nos teria
são as palavras que morreram
na tua mão,
fria

a luta perdida
tantas vezes,
tantas vezes iniciada
sempre de nada, há meses

a seiva que alimenta
as nossas raízes, ferveu
e gelou

no mar dos nossos corpos
o meu prazer escondeu-se
olhei nos teus olhos,
vazios


fevereiro/03